Depressão durante o intercâmbio existe e atinge mais estudantes do que você pode imaginar.
Depressão durante o intercâmbio existe assim como outras questões de saúde mental.
Você já havia pensando nisso?
Optei por falar da Depressão durante o intercâmbio, pois foi a minha realidade durante meu intercâmbio na Austrália. Peço que leia pensando nos riscos de saúde mental no geral, com o único objetivo de que você se atende e se cuide.
Eu nunca havia pensado na possibilidade ter Depressão durante o intercâmbio. E se você vai fazer, eu tenho ( quase ) certeza de que isso não passa pela sua cabeça também.
Em todo meu processo de intercâmbio mesmo com tudo que estava acontecendo eu não era capaz de nomeá-lo. Eu apenas ia levando sem muito entender.
No planejamento do meu intercâmbio eu não sabia ou me enganava muito bem, mas eu estava muito ansiosa para meu embarque. Queria viajar logo, estava tendo muita insônia e ficava esperando o embarque sem ter muito o que fazer. Minhas opções nos 3 meses de espera para o embarque foram: correr, escrever e me despedir dos amigos.
Eu estava tão focada e imersa na experiência do que estava por vir que meu presente passou despercebido. Não cuidei da minha saúde e não enxerguei coisas que hoje percebo que precisavam ter sido olhadas com carinho. Eu já estava entrando em um processo que foi o início do que desencadeou a Depressão durante o intercâmbio.
Eu não trabalhei possibilidades de coisas darem erradas e não pensei em planos de contingências para nada. Acho que na minha cabeça só passava “ se eu não conseguir emprego tenho dinheiro suficiente para o período todo. Simples e fácil assim, como se só ter dinheiro para se manter fosse deixar tudo bem.
Como se somente o dinheiro pudesse ser um problema nessa experiência e nada mais pudesse me desestabilizar psicologicamente. É que a gente, não lembra de cuidar da saúde mental, até alguma coisa acontecer e fato precisarmos nos mover.
Eu fui tranquila, leve e cheia de planos para a viagem. Sem medo, embarquei na longa viagem para a Austrália e no outro dia tudo estava diferente. Fuso horário, língua, amigos, casa, pessoas, rotina, estilo da cidade e de vida, clima e possibilidades. Absolutamente tudo estava diferente e eu não pertencia a aquele lugar.
No segundo dia na Austrália senti meu rosto bastante inchado, assim como minhas mãos e pernas. Eu sempre tive tendência a reter líquido e depois de uma viagem tão longa é natural a retenção, então não me preocupei.
Em seguida comecei a engordar um pouco. Comecei a ficar ansiosa porque estava engordando e pensava “logo eu emagreço, a comida é diferente e estou me adaptando”. Outros pensamentos alternativos vinham como ” logo volto a correr e volto ao meu peso”. Porém as coisas não foram bem assim.
Depois eu comecei a encontrar na comida uma um prazer que eu não encontrava em todos os lugares. Comer me deixava tranquila quando eu ficava preocupada e logo ela virou minha válvula de escape.
Talvez aí eu já tivesse sinais da Depressão durante o intercâmbio, ou estava caminhando para ela, porém ainda não conseguia entender.
Nesse tempo a a minha menstruação atrasou. E fui menstruar no quarto mês de intercâmbio. Não tinha possibilidades de gravidez eu sabia que era emocional. Minha pele estava diferente, eu seguia inchada e isso aumentava minha tristeza com meu corpo.
Nesses 4 meses ganhei uns 10 kilos, perdi todas as minhas roupas, não conseguia me sentir feliz em turma e não me sentia confortável comigo para nada. Eu estudava de manhã, à tarde trabalhava com o blog e a noite fazia faxina no trabalho que eu tinha.
Paralelo a isso coisas legais estavam acontecendo, claro! Não foi só Depressão durante o intercâmbio .
Eu tinha meus amigos, saía, me divertia, viajava e fazia o máximo para me sentir bem durante a experiência. Eu gostava e não queria voltar logo. Então renovei meu visto para mais um ano porque eu sentia que minha jornada na Austrália ainda não tinha encerrado.
Ali eu já tinha sintomas de depressão que foram aparecendo aos poucos e fui me recolhendo. Embora na época eu não deixasse aparecer eu já estava em um outro lugar, um que eu não queria estar.
Hoje eu sinto que por mais que eu tenha feito amigos e que tenha tido experiências sensacionais eu não aproveitei como poderia. Minha experiência seria muito melhor se eu tivesse me cuidado e se tivesse preparada emocionalmente para ir.
Por mais que eu tenha viajado e vivido experiência legais eu tenho certeza que tudo poderia ter sido melhor. Teria aproveitado mais se eu não tivesse em uma briga interna tão complicada, se eu não estivesse muitas vezes sorrindo por força e saindo com os amigos só para não ser tão chata.
Lá fiz amigos queridos que me ouviram em momentos difíceis, porém como durante o intercâmbio é muito comum viver em uma experiência de montanha russa de sentimentos é complicado entender quão profundo é aquele sentimento.
Durante minha experiência vi um rapaz que retornou ao Brasil pois entrou em Depressão durante o intercâmbio e não estava dando conta, vi outros que eu sentia que estavam com sentimentos próximos aos meus e que passava pela minha cabeça “ ele também não está bem” .
O intercâmbio é maravilhoso e traz diferentes vivências e experiências para cada um. Eu fiquei exatamente um ano na Austrália brigando com meus sentimentos enquanto eu descontava na comida toda a dor que não tinha nome. Eu embarque no Brasil com 56kg e retornei com 79kg, ou seja, 23 kg em 1 ano.
Quando eu cheguei me senti pior. Poucos eram os que queriam saber sobre minha experiência, mas sim como eu consegui engordar tanto.
Ao retornar para a casa dos meus pais foi então que me senti em um lugar seguro e acho que por ter relaxado eu desmoronei com todos os sintomas da depressão, foi onde iniciei meu tratamento.
O intercâmbio não foi a causa, mas foi durante esta mudança da minha vida que eu digo que a depressão “me pegou”. Embora eu sentisse que ela sempre esteve dentro de mim, desde pequena. Talvez esse momento tenha sido o“gatilho”, talvez tenha sido as circunstâncias, o motivo não importa. O importante é entender e se cuidar.
A Depressão durante o intercâmbio foi um grande desafio. Foi onde eu descobri muito de mim e aprendi a lidar com meus pontos fortes, fracos e quem eu sou.
Assista o vídeo abaixo e veja todos os detalhes que eu compartilhei
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