O que te faz largar tudo pra sair viajando pelo mundo? Perdi as contas de quantas vezes já me perguntaram isso.
Cada vez que me perguntam eu penso em algo diferente que poderia ser dito. Parece que minha resposta vai se moldando com o tempo, e a cada país que eu passo, pessoa e história que eu vivencio, meus horizontes se abrem e vejo as coisas sempre sob um ponto de vista diferente.
Não, não foi fácil renunciar projetos, pedir demissão do trabalho, vender o carro, se desfazer das coisas, comprar uma mochila e pegar um avião rumo ao desconhecido.
Mas o que te faz tomar essa decisão? Acho que muitas coisas. Quando você de alguma forma se sente infeliz, ou talvez feliz porém incompleto, é hora de mudar! Mas é típico do ser humano viver sua zona de conforto, se agarrar nisso, e não ousar por a cabeça pro lado de fora pra ver o que há.
É nisso que reside a maior força pra tomar decisões dessa magnitude. Sair da zona de conforto.
Não é um processo fácil, taopouco decidido de forma repentina, e no meu caso foram 3 anos programando minha viagem e guardando dinheiro, pensando no roteiro e fazendo projeções. É normal das pessoas falaram, mas viajar com dinheiro é fácil, se eu tivesse também iria. Esse é outro mito que precisa ser desfeito.
O mais sensacional em viajar é que não há classe social que te limita, e você pode sim viajar de maneira barata, inclusive parando em lugares para trabalhar, dormindo na casa de locais e viajando de carona.
Estou há 10 meses na estrada, de um projeto que seria de 1 ano, porém acabei estendendo minha viagem e agora não tenho previsão de volta, apesar de sentir falta do Brasil, dos amigos e da família. Mas após 10 meses, respondo com toda sinceridade do mundo. Valeu a pena! Valeu a pena ter tomado a decisão mais louca da minha vida. Foi com uma ruptura tanto profissional quanto pessoal, mas que me abriram portas para uma vivência sem igual!
Eu me questionava muito quando estava no Brasil: porque precisamos, nascer, crescer, trabalhar, casar, comprar um apartamento e um carro, e trabalhar mais e mais, para chegar na aposentadoria e ter uma vida confortável e segura.
Vivemos uma vida pré programada, engessada. Mas que diabos de vida é essa? Ai quando estiver velho é que você vai viajar? Você acorda todo dia, se olha no espelho, sente desejo de mudar, encara sua realidade e responde: Um dia eu vou, quem sabe um dia!
E eu não estou falando exclusivamente em viajar, mas em tomar decisões que mudem totalmente a sua vida de direção. Você está na verdade abafando seus desejos mais profundos, em prol de uma ‘estabilidade social’, um padrão de vida que acaba bloqueando seus sonhos.
Depois de conhecer um suíço que estava viajando o mundo por 3 anos, comecei a pesquisar mais sobre, ler relatos e ver que era muito mais fácil e barato do que imaginava.
O meu primeiro passo foi mandar fazer um mapa-mundi gigante e colocar na sala de casa. A partir daí, comecei a esboçar um roteiro e pesquisar destinos. Vários sites, blogs e vídeos me ajudaram com informações, dicas pra economizar, e o sonho foi se materializando.
Saí do Brasil com um nível de inglês básico, e uma das grandes conquistas foi uma melhora substancial na língua, além de aprender também espanhol, agora estou me arriscando nas primeiras palavras em francês. Já aconteceu tanta coisa, já vivi muitas histórias boas, algumas ruins. E sempre há alguma coisa pra aprender.
Pude morar com uma família local em Sapa, nas montanhas do Vietnã. Lá vivem famílias extremamente pobres, que plantam arroz e vivem de agricultura de subsistência. Fiquei por uma semana convivendo com eles, e participando das tarefas da família, cozinhando no chão, dormindo em um casebre, sem água encanada ou energia elétrica, muito menos banheiro. Mas nada disso fazia falta.
Era bonito de ver, todas as refeições sendo feitas à mesa, todos reunidos partilhando o alimento e as histórias. O ser humano e suas relações é o que importa pra eles, a família está acima de tudo.
Por outro lado, vi no Japão o maior exemplo de sociedade desenvolvida, de respeito às leis, de organização e cuidado com cada detalhe na vida do cidadão. O japonês é sem dúvida desenvolvido socialmente, pensa no coletivo, respeita o próximo, e isso faz do país um grande exemplo. Sem falar no transporte público! OS trens-bala são sensacionais!
Acampei na muralha da China, cruzei a China de norte a sul e quebrei muitos preconceitos com o país, mergulhei nas águas cristalinas da Tailândia, subi montanhas no Laos, naveguei pelas águas da Croácia, andei pelos templos do Camboja, pulei de Bung Jump na Nova Zelândia, visitei muitas ruínas romanas no leste europeu, entendi um pouco mais sobre a região dos balcãs, as guerras separatistas e o fim do socialismo, a segunda grande guerra, o holocausto.
Em 10 meses completei 18 países, e muita coisa ainda está por vir. Sigo viagem para a África, em busca de novas histórias e vivências. O mundo é grande e cheio de coisas incríveis para desbravar e conhecer. Basta você ousar sair da sua zona de conforto.
Acredite, é possível com organização e vontade. Fico disponível pra quem quiser dicas de viagem, formas econômicas e práticas pra viajar.
Se permita ousar! Se permita arriscar um pouco. As vezes a vida e as oportunidades estão passando na sua frente e você é quem está dificultando as coisas. Pense diferente e se arrisque! Vai valer a pena! Porque a vida é feita de escolhas, o que você ta esperando?
Por Marcel Lopes
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Quanto te custou essa aventura toda até agora?