Ir e vir, tudo tão meu

As vezes me pego compartilhando pedaços meus que poderiam ser divididos somente com todos os eus que moram em mim, mas prefiro jogar pro mundo e deixar por aí… Vai que alguém, nesse mundão de meu Deus, esbarra no mesmo momento que eu e isso faça, de algum modo, um sentido a mais.

Ir e vir, ficar ou voltar é tudo tão íntimo. Decisões tão internas que são tomadas com base em nossos princípios, valores, histórias e um zilhão de pequenos significados que formam nossa essência.

O mais tenso da vida é a dificuldade de encontrar tudo o que achamos que é melhor pra nós, em um só lugar. Se pudéssemos juntar o melhor lugar pra viver com as pessoas mais amadas e de quebra os cachorros, gatos e também os amigos do coração. E que nesse mesmo lugar eu pudesse colocar um mar, um cavalo e uma montanha. Ah! E se, depois de juntar tudo isso, ainda tivesse espaço pra pendurar uma rede numa varanda larga e passar um café jogando conversa fora.

Pra ser melhor, só se o tempo passasse de acordo com minhas vontades…

Seria o meu mundo ideal! Mas, o universo é tão incrível que o meu ideal não é o mesmo mundo ideal das minhas pessoas mais amadas e de quebra os cachorros, gatos e amigos do coração. E nem do meu mar preferido, colado a minha montanha preferida com meu cavalo me esperando após o café tomado com prosa boa.

E toda essa falta de todos os desejos me dando prazer no tempo, espaço, jeito e ainda na hora que eu quero é o que faz a vida girar. É o que me faz planejar e me jogar de lá pra cá e de cá pra lá. Indo e vindo, ficando e partindo. E assim, colhendo meus pedaços, aos poucos, nos cantos, devagarinho e formando mais e mais de mim.

Assim a vida tem mais valor.

É isso que me permite ir e voltar com tudo novo, pro velho que habita no meu coração. E me abastecer de amor, regar as amizades, rever valores e optar por ficar um pouco por perto e depois ir, se quiser ir. Ou ficar mais, se tiver aconchegante.

Aí depois da pra ir atrás da montanha, do mar, dos cavalos e ares novos. Se eu quiser.